Casa da Cultura: Literatura, Artes, Geografia e Folclore do Brasil Assine
Gratuitamente
Voltar para o Índice Geral da Seção de Poesias da Casa da Cultura
Índice Geral
Poesias
Página Inicial da Casa da Cultura
Casa da Cultura

Seção de Poesias da Casa da Cultura

MONTANHAS CINZAS

(Original em Espanhol: "Montes Grises")

Autor e tradutor: José Eduardo S. de Miranda

Para N. S:
para que abra seu coração
e enxergue o colorido da vida.

A janela está aberta.
Meus olhos saem em busca do infinito e meu olhar é bloqueado pela cortina cinza que está aí na frente.
Não vejo nada mais que as montanhas.
Sinto uma escuridão total... e
Suo frio.
Estou tonto...
Preso entre o espaço sem nada que me afasta do horizonte,
Distante do infinito.

Muito além da realidade que não é a minha, permaneço preso nesta ficção que muitos chamam de existência.

Eu aqui, as montanhas cinzas e nada mais.
As montanhas cinzas, eu, tudo.
Em algum lugar a vida.
Lá as montanhas cinzas, e eu perdido,
Disperso entre a vida que não vejo por causa das montanhas cinzas,
Noto a vida extraviada na dimensão insignificante que existe entre o eu e o depois das montanhas.
Tenho a vida que não quero ver: uma vida que está entre qualquer outro lugar e eu.
Vida cinza.
Escura vida,
Minha vida sem cor.

As montanhas prosseguem seu sono perpétuo.
Eu... Mantenho a janela aberta (a janela da minha vida).
Fecho os olhos e
Inspiro o aroma dos pesadelos.
Me afogo...
Sinto-me dentro de uma armadura: cego, surdo e mudo.
Não percebo a dança das árvores.
Não ouço o canto dos pássaros
E sequer escuto o vento.
Tudo é cinza!?

Não...
Entre eu e o mais além existem as montanhas cinzas.
Estas, que estão aí na frente.
Aquelas, que estão em todos os lugares
O cinza é o que está aqui, dentro de mim.
Deus... o suor aumenta.
Vejo dentro e olho para fora.
Não vejo nada.
Tudo é absolutamente escuro.

A culpa é da fronteira que nos separa do infinito.
Elas são responsáveis: as montanhas cinzas.
Ela... A densa vida!

Vida?

Uma lágrima solitária caminha por meu rosto.
Agora outra, mais uma e o pranto é iminente.
Choro a confusão dos meus olhos.
Reclamo a cegueira da minha alma.
Luto contra a selvagem carga das montanhas cinzas.
Minha vida está em guerra, e...
Tudo é estranho.
Montanhas que não enxergo.
Pedras no meu caminho...
As cores sumiram.

Abro os olhos...
O amanhã e o futuro: coisas invisíveis.

Algumas vezes queria não ver nada.
Outras, quando vejo as montanhas cinzas, sinto falta do arco-íris (o colorido da existência),
Mas tudo é escuro...
Onde estás, vida?
Quem sabe atrás do cinza das montanhas!
Destas montanhas que, na verdade, são verdes,
Porque cinza está meu coração.
Um coração que bate o colorido que não vejo...

O COLORIDO QUE NÃO QUERO VER!


Versão Original:
[Leia a versão original dessa Poesia de Eduardo Miranda - em espanhol]


O autor, José Eduardo Miranda mora em Linhares no Espírito Santo, é doutorando em Direito pela Universidad de Deusto, em Bilbao, Espanha; Doutorando em Relações Internacionais pela Universidad del País Vasco (EHU); Estudios Avanzados, a nível de Mestrado, em Direito Comercial, pela Universidad de Deusto; Especialista em Direito Comercial, Especialista em Metodologia do Ensino Superior; Membro da Cátedra UNESCO de Formação de Recursos Humanos para América Latina; Membro da Cooperative Asociation of Law; Pesquisador de Ezai Fundazioa, órgão mantido por Mondragón Coorporación Cooperativa; Professor do Curso de Direito e Coordenador Acadêmico das Faculdades Integradas Norte Capixaba.

Contatos: liburua_zeca@yahoo.es

Publicada em 08/04/2005