Casa da Cultura: Literatura, Artes, Geografia e Folclore do Brasil Assine
Gratuitamente
Voltar para o Índice Geral do Brasil por Estado
Brasil
Voltar para o Índice de Minas Gerais
PE
Página Inicial da Casa da Cultura
Casa da Cultura

Brasil: Geografia, Folclore e Arte Regional - PE

Olinda, Patrimônio da Humanidade

Carvalho Pinto

Nas ladeiras de Olinda encontramos ‘casarios antigos; avistamos muitos coqueiros; igrejas centenárias com arquitetura barroca do período colonial; ao fundo uma irmã chamada Recife e também, o mar que encanta uma multidão de pessoas felizes que gostam de se divertir’. Assim é Olinda! Com uma população de 381.502 habitantes, conforme o Censo de 2000. Ela é uma cidade de grande importância no cenário nacional brasileiro.

Declarada, em 1982, Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade pela UNESCO, ela se mantém muito bem conservada e é visitada por turistas de todas as partes do mundo devido a sua beleza natural e por ter um clima quente e úmido, com temperatura média anual de 27º C. Olinda tem uma precipitação total anual de 1.000 a 2000 mm; e a umidade do ar atmosférico, media anual: 80%. A bacia hidrográfica é formada pelo Rio Beberibe, servindo de limites, em sua maior parte, com o município do Recife, tendo pequenos afluentes como o do Passarinho, o das Moças, o das Águas Compridas e o do Lava-Tripa. Fora de sua bacia, existem outros pequenos rios como o Fragoso, mais ao norte e os riachos de Água Fria e Ouro Preto. Estes unem suas águas formando o Rio Doce que desemboca no oceano Atlântico, no extremo norte do Município. Suas praias: Rio Doce; Casa Caiada; Bairro Novo, Carmo, dos Milagres e a de Ponta Del Chifre, situada nos limites de Olinda e do Recife.

Seu relevo apresenta-se acidentado. Em suas colinas foram construídos seminários, igrejas e outras construções centenárias. As casas conta com grandes áreas ou quintais que preserva muita vegetação e muitas árvores. Os mirantes principais são: Alto da Sé, Morro do Peludo (o que é mais alto), Amaro Branco, do Rosário, Nossa Senhora do Monte, São João, Colina do Carmo e Bultrins. Na área histórica, encontra-se ainda o antigo Horto D’El Rey e, a oeste, a Zona Rural, com a Mata do Passarinho.

Olinda abriga um pólo de eventos conceituado. O Centro de Convenções de Pernambuco é considerado o terceiro maior do país e um dos mais modernos da América Latina.
Outra estrutura montada para eventos de grande porte é a do Classic Hall, considerada a maior casa de shows da América Latina.

Onde visitar
Alto da Sé, onde tudo começou. O início da povoação de Olinda aconteceu na colina batizada de Alto da Sé, com uma excepcional vista para o oceano. Ainda hoje o turista encontrará muitos atrativos para fotografar e ver do Alto da Sé o oceano com suas embarcações. O circuito das igrejas também merece um destaque especial. Existem inúmeras delas, dedicadas aos mais diferentes santos. A Igreja da Sé, ou como é conhecida: Sé de Olinda é um dos monumentos mais representativos da história de Olinda. Sua denominação atual: Catedral Metropolitana de Olinda e Recife. Do terraço lateral existe uma vista deslumbrante. O Castelo e Fortaleza, que se encontra em frente ao prédio do Observatório Meteorológico, no Alto da Sé, o visitante vão ver o marco que indica onde foi erguidos Castelo e Fortaleza do donatário, com a seguinte legenda: ‘Neste morro levantou seu castelo Duarte Coelho Pereira, que deu início à Vila de Olinda, memória da colonização de Pernambuco, em 1537’. O Observatório Meteorológico é outro monumento muito visitado, no Alto da Sé de onde se projeta uma das mais belas visões de Olinda e Recife que estão interligadas pelo mar. Sua construção data do século XIX. O Farol no Forte de Montenegro, à beira mar, foi instalado a fim de facilitar a navegação. Adquirido em 1869, o farol de Olinda foi aceso pela primeira vez na tarde de 18 de novembro de 1871. É a cada ano visitado por uma infinidade de turistas. Além dos monumentos o turista poderá ver e se desejar comprar, os artesanatos regionais, entalhados em madeira, barro ou ferro, tecido ou renda, exposta nas barracas existentes no Alto da Sé. Olinda é pura beleza e arte nas ruas de seu sítio histórico, inspiração para vários artistas plásticos que escolheram a cidade para montarem ateliês, galerias e museus. Em Olinda brota uma infinidade de manifestações artísticas. A maior delas o ‘Carnaval de Olinda’. Dona do maior carnaval do mundo, as ladeiras de Olinda enchem-se de fantasias e cores durante os quatro dias de folia. Os maracatus, os caboclinhos, as troças, bonecos gigantes e qualquer outro batuque, encontram nas ladeiras de Olinda o seu palco. Ao caminhar pelas ruas estreitas, observar os casarios centenários e a vegetação local, e a vista para o mar, o turista terá muitas razões para retornar a esta linda cidade que foi e continua sendo: ‘Oh! Linda situação para uma vila!’

Brasil de Cabral, 1500.
No ano de 1500, as frotas portuguesas cruzam o Atlântico Sul com o propósito de encontrar novas rotas marítimas e áreas de exploração mercantil. Portugal passa a navegar com regularidade pela costa Africana, implantando bases no continente e chega enfim à Ásia. O Brasil é encontrado em 1500 como resultado da competência dos navegadores portugueses.

Aos 22 de abril de 1500, as embarcações comandadas pelo português Pedro Álvares Cabral chegam em Porto Seguro, e em 1º de maio, Cabral oficializa a posse das terras. No ano de 1532, dom João III anuncia a intenção de dividir a colônia em 15 amplas faixas de terra e delega os poderes sobres estas faixas de terra a nobres do reino, os chamados capitães donatários, para que as controlem, povoem, explorem, porem com os seus próprios recursos e as governem em nome da Coroa portuguesa. Essas faixas de terra variavam de tamanho, de 100 a 600 quilômetros. Quando Martim Afonso de Sousa voltou para Portugal, em 1534, o rei já havia decidido dividir o Brasil em grandes lotes de terras chamados capitanias hereditárias. (Eram hereditárias porque passavam de pai para filho.) Nessa época, como o comércio com as Índias havia diminuído muito, Portugal não estava em condições financeiras de arcar com a colonização do Brasil. O Brasil foi dividido em quinze capitanias hereditárias, doadas a doze donatários. Os donatários deveriam incentivar o desenvolvimento econômico das capitanias, povoá-las e pacificar os índios. Podiam explorar as capitanias em seu proveito, fazer justiça e distribuir terras em sesmarias (grandes lotes entregues a pessoas da confiança do donatário). Embora devessem prestar contas ao rei de Portugal e pagar alguns impostos. Porém, este sistema não funcionou como o esperado. No fim do século 16, somente as capitanias de Pernambuco (de propriedade de Duarte Coelho) e de São Vicente (de Martim Afonso de Souza) demonstraram alguma prosperidade.

Capitanias hereditárias.
A capitania de Pernambuco compreendia sessenta léguas de litoral, desde o Canal de Santa Cruz (que separa a Ilha de Itamaracá do continente), ao norte, até a foz do Rio São Francisco, ao sul. Abrangeria terras do atual estado de alagoas, que só se emancipou de Pernambuco em 1817, e grande parte do estado da Bahia, compreendendo toda a margem esquerda do Rio São Francisco e as Ilhas do seu leito. Estas terras pertencentes à Bahia, só foram desmembradas de Pernambuco em 1824.

A origem do Estado de Pernambuco encontra-se nas terras doadas como capitania hereditária pelo rei de Portugal a Duarte Coelho Pereira, que chegou a Pernambuco, então denominada Nova Luzitânia. O nome Pernambuco tem origem indígena. Veio do Tupi Paranã-puka e significa “mar furado”. Os índios se referiam ao Canal de Santa Cruz, que cerca toda a Ilha de Itamaracá. Em 9 de março de 1535, desembarcava Duarte Coelho, trazendo em sua bagagem uma Carta Foral assinada por dom João III, que lhe assegurava todos os direitos sobre a Capitania, para instalar seu governo e tocar um projeto político e administrativo. Em 1537 foram fundadas as vilas de Igarassu e de Olinda, a primeira capital do Estado e em 12 de março do mesmo ano, Olinda foi elevada à categoria de vila. Quando veio para o Brasil, ao cruzar o Atlântico, Duarte Coelho tinha a certeza de fundar nos trópicos uma nova cidade. Tanto é que se fez acompanhar de sua esposa, dona Brites de Albuquerque, do cunhado, Jerônimo de Albuquerque, e do padre Pedro Figueira e de muitos homens de sua parentela, alguns fidalgos, sacerdotes e colonos. Trouxe também muitas ferramentas, instrumentos agrícolas, armas, materiais de construção, entre outras coisas.

Carta do rei de Portugal. (Carta Foral)

... Sessenta léguas de terra ... as quais começarão no rio São Francisco... e acabarão no rio que cerca em redondo toda ilha de Itamaracá, ao qual ora novamente ponho o nome rio Santa Cruz... e ficará com Duarte Coelho a terra da banda Sul, e o dito rio onde Cristóvão Jaques fez a primeira casa de minha feitoria e a cinqüenta passos da dita casa da feitoria pelo rio a dentro ao longo da praia se porá um padrão de minhas armas, e do dito padrão se lançará uma linha a Oeste pela terra firme a dentro e a terra da dita linha para o Sul será do dito Duarte Coelho, e do dito padrão pelo rio abaixo para a barra e o mar, ficará assim mesmo com ele Duarte Coelho e metade do dito rio de Santa Cruz para a banda Sul e assim entrará na dita terra e demarcação dela todo o rio São Francisco e a metade do rio de Santa Cruz pela demarcação sobredita, pelos quais rios ele dará serventia aos vizinhos dele, de uma parte e da outra, e havendo na fronteira da dita demarcação algumas ilhas, hei por bem que sejam do dito Duarte Coelho, e anexar a esta sua capitania sendo as tais ilhas até dez léguas ao mar na fronteira da dita demarcação pela linha Leste, a qual linha se estenderá do meio da barra do dito rio de Santa Cruz, cotando de largo ao longo da costa, e entrarão no mesma largura pelo sertão e terra firme a dentro, tanto, quanto poderem entrar e for de minha conquista...

10 de março de 1534 – D. João III

Primeiro Duarte Coelho desembarcou as margens do Canal de Santa Cruz, no local depois chamado de ‘Sítio dos Marcos’. Depois avançou até a foz do Rio Igarassu e ali fundou a povoação com o mesmo nome. Em Igarassu, ele travou várias lutas com os índios. Construiu a Igreja dos Santos Cosme e Damião, a primeira do Brasil, dando a administração da povoação a Afonso Gonçalves e seguiu para o sul. Ao chegar às colinas da nova terra, iniciou a construção de Olinda, também sede da paróquia do Salvador do Mundo. Aquelas colinas eram então habitadas pelos índios Tabajaras e Caetés. A beleza local era fascinante, alem do que, lá do alto, teria ampla visão para o oceano. Segundo conta a tradição, ele teria exclamado: ‘Oh! Linda situação para uma vila!’ Estava então fundada a Vila de Olinda, aos 12 de março de 1537.

Muitas foram às lutas entre os índios, Duarte Coelho e os colonos. Porém, após a união de seu cunhado Jerônimo de Albuquerque com a filha do cacique dos Tabajaras, batizada com o nome de Maria do Espírito Santo, os índios se aquietaram. Conseguida paz com os índios, restou a preocupação com os franceses. O que permitiu que Duarte Coelho passasse a enviar embarcações ao longo da costa e deu início ao desbravamento do Rio São Francisco.

Em 1554, morre Duarte Coelho.
Duarte Coelho administrou a capitania de Pernambuco durante quase vinte anos, morrendo em 1554. Depois de sua morte, a capitania de Pernambuco ainda enfrentou muitas dificuldades. Sérios conflitos com os índios e foram travadas muitas lutas. Os índios que não morreram, foram escravizados. Após a morte de Duarte Coelho, em 1554, o Brasil estava sendo administrado, desde 1549, por um governador-geral. Os donatários passaram a prestar contas ao governador-geral, representante no Brasil do rei de Portugal. Nessa época a sede do governo-geral era em Salvador, na Bahia. Os sucessores de Duarte Coelho foram seus dois filhos: Duarte de Albuquerque Coelho e Jorge de Albuquerque Coelho. Sendo eles os respectivamente, segundo e terceiro donatários da capitania de Pernambuco. E o quarto e último donatário da capitania de Pernambuco chamado Duarte de Albuquerque, era filho de Jorge de Albuquerque Coelho.

Olinda era sede administrativa da capitania. Nela se instalaram as autoridades civis e eclesiásticas, o colégio dos jesuítas, os principais conventos e o pequeno cais do Varadouro. Em fins do século XVI, havia cerca de 700 famílias morando em Olinda, sem contar pessoas que viviam nos engenhos, que tinham cada um de 20 a 30 moradores livres.
A importância do porto de Olinda foi pouco significativa. Seu pequeno porto nunca teve profundidade para receber as grandes embarcações que cruzavam o Atlântico. Por sua vez, a povoação do Recife, chamada pelo primeiro donatário de “Arrecife dos navios”, conforme carta foral de 12 de março de 1537, veio a ser o porto principal da capitania.

Há muito que a cana-de-açúcar desempenha papel de destaque na economia do estado de Pernambuco. A desigualdade de renda entre ricos e pobres sempre existiu. Somando à grande concentração de terras, Pernambuco sempre foi palco de conflitos violentos. Conflitos surgiam entre os senhores de terra e de engenho pernambucanos de Olinda e os comerciantes portugueses do Recife. Estes conflitos foram chamados de forma pejorativa de mascates. A guerra dos mascates ocorreu entre 1710 e 1712. Os donos de engenho, em dívida com os comerciantes devido à queda do preço internacional do açúcar, não aceitam a emancipação do Recife, o que agravaria sua situação com os portugueses. Em 1710, a cidade do Recife é atacada por tropas de proprietários rurais. O governador Caldas Barbosa foge. Os mascates contra-atacam e invadem Olinda em 1711. A nomeação de um novo governador e a atuação de tropas mandadas da Bahia põe fim à guerra. A burguesia mercantil recebe o apoio da metrópole, e o Recife mantém sua autonomia.

Veja Também:
[Fotos de Carvalho Pinto: Olinda - Igrejas, Mosteiros e Religiosos]
[Fotos de Carvalho Pinto:Olinda - Cidade, Prédios e Moradores]

Conheça a biografia desse autor, que trocou a vida de classe média alta, no Jardim Paulista em São Paulo, pela simplicidade do interior do Nordeste:

[Fotógrafo Carvalho Pinto]



O fotógrafo Carvalho Pinto tem 50 anos e é paulista; trabalhou por muitos anos no gerenciamento comercial de empresas de telecomunicações; desde pequeno tem a fotografia como hobby, possuindo um acervo pessoal de mais de 6.000 fotos, que abrangem grande parte do Brasil. No início de 2003, conheceu Petrolina, "o clima agradável, a meiguice das pessoas, o céu esplendoroso", e decidiu mudar-se para lá. Trocou sua casa ao lado do Parque do Ibirapuera, por outra atrás da "banca" (mercado) de Petrolina. Hoje dedica-se a documentar diversos aspectos da vida nordestina: a arquitetura, as pessoas nativas e as atividades cotidianas.

Contatos:
e-mail: carvalhopinto@terra.com.br
telefone: (087) 3862-6393


Publicada em 04/05/2005