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Brasil: Geografia, Folclore e Arte Regional - PE

Recife Pernambuco Brasil - História de uma Cidade

Carvalho Pinto

Viajar é cultura! - “Quem viaja muito sabe muito”. Uma viagem é uma oportunidade para nos familiarizarmos com pessoas de outros lugares, para aprendermos mais sobre seus costumes e modo de vida. Se permitirmos, uma viagem pode corrigir conceitos errôneos e abrandar preconceitos.

É por meio do conhecimento que nos desenvolvemos em todos os sentidos, e sendo assim, temos a oportunidade de entender os diversos conceitos da vida. Portanto, estaremos habilitados a ajudar aos nossos semelhantes e a nós mesmos. Tenho por lema ir a todo e qualquer lugar para saber mais sobre povos, culturas e quem sabe, até corrigir conceitos errôneos e eliminar preconceitos. Moro num país tropical e ando caminhando pelo nordeste no intuito de saber como vive o povo brasileiro. Neste ano de 2004 estive em Recife e Olinda, em Pernambuco. Futuramente falarei sobre Olinda e mostrarei imagens deste belo lugar.

Pernambuco é um estado de clima tropical atlântico, no litoral, e semi-árido, no agreste e no sertão. O estado apresenta extensa vegetação de mangue ao longo da costa, floresta tropical na Zona da Mata e a caatinga no interior. O estado é um dos maiores centros turísticos do Brasil. São 187 quilômetros de praias de areia fina e águas verdes, com destaque para Tamandaré e Porto de Galinhas, ao sul de Recife, utilizadas para esportes náuticos. Ao norte, encontramos a ilha de Itamaracá, que preserva uma antiga prisão. A 545 quilômetros da capital fica o arquipélago de Fernando de Noronha, de beleza impar que tanto fascina os visitantes.

Pernambuco é terra de várias celebridades. Destacados escritores, como Manoel Bandeira. E ritmos populares como o Frevo e o maracatu que tanto nos encantam. A cana-de-açúcar sempre foi o carro chefe da economia pernambucana. Muitos ficaram riquíssimos e por isso, encontramos uma desigualdade de renda gritante entre ricos e pobre. Além destes problemas, os conflitos de terras se somam e geram muita violência. Outro grave problema que os pernambucanos enfrentam é derivado pelo cultivo da maconha. A maior parte das plantações fica na divisa com a Bahia e Alagoas, sendo conhecido “polígono da maconha”.

A Bela Capital de Pernambuco é o Recife. O Recife é uma eterna paixão. Segundo os estudiosos, a palavra ‘arrecife’ é a forma antiga do vocábulo ‘recife’ e que ambos procedem do árabe, ‘ar-raçif’, que significa calçada, caminho pavimentado, linha de escolhos, dique, paredão, muralha, cais, molhe. No antigo castelhano arrecife tinha o sentido de caminho, banco ou baixio mar ... Porque se originou de um acidente geográfico – o recife ou o arrecife – a designação do Recife não prescinde do artigo definido masculino: O Recife e nunca Recife. Por isso no Recife, do Recife, para o Recife e não em Recife, de Recife, para Recife. [J. A. G. de Mello em O Recife e os Arrecifes, Revista do Arquivo Público, No. 13, 19 74.]. O Recife foi elevado à categoria de cidade pela Carta Imperial de 5 de dezembro de 1823 e, por Resolução do Conselho Geral da Província, passou a capital de Pernambuco em 15 de fevereiro de 1827.

A Sede do Governo fica na Praça da República, no Palácio Campo das Princesas, no Bairro de Santo Antônio. A Praça da República está situada no local do antigo Campo de honra da província. Formada por três bonitos jardins, onde encontramos esculturas de divindades clássicas, da fonte luminosa, das palmeiras imperiais e de um imenso e muito antigo baobá. Além do Palácio Campo das Princesas, de 1841, encontramos o teatro Santa Isabel, do século XIX e o Palácio da Justiça de belo e importante conjunto arquitetônico. Todos estes localizados no Bairro de Santo Antônio. Os recifenses se orgulham de sua cidade, de seu povo, de seus vários escritores importantes, da sua música e de seu alimento.

Na antiga Casa de Detenção, que funcionou até o ano de 1973, encontramos instalada hoje a Casa da Cultura. Em 1855, o engenheiro pernambucano José Mamede Alves Ferreira, projetou este presídio, de arquitetura neoclássico. O uso do princípio do Panocticon levou o edifício para a forma cruciforme, que favorecia, a partir do centro, a vigilância de todas as alas. Na atualidade esta antiga casa de detenção é usada como espaço comercial e cultural, com lojas de artesanato, banco (câmbio), galerias de arte e área para apresentações do folclore regional. Bem próxima está a antiga Estação Central do Recife (1888), onde estão instalados o Museu do Trem e a Estação Terminal do Metrô. Além destes locais interessantes, encontramos também muitas Igrejas seculares, como a Capela Dourada (Capela da Ordem Terceira de São Francisco) edificada no período de 1696 a 1724. A Basílica de Nossa Senhora do Carmo, que foi edificada no ano de 1687 e 1767, em local onde existiu o palácio da Boa Vista, do Conde alemão João Maurício de Nassau, governador do Brasil Holandês. Imperdível é o Forte de São Tiago das Cinco Pontas que foi edificado pelos holandeses em 1630, sob o desenho do engenheiro Tobias Comerstein. Devido à estrutura pentagonal, passou a ser conhecido como ‘o das Cinco Pontas’. Não podemos deixar de mencionar o Pátio de São Pedro que está situado no coração da antiga ilha de Antônio Vaz, manteve, apesar das intervenções sofridas ao longo do tempo, suas características originais, sendo um dos mais importantes conjuntos arquitetônicos preservados da tradição portuguesa, tombado em 1938. Não muito longe do Pátio de São Pedro, encontramos o Mercado de São José. Lá encontramos mais de 500 boxes, grande variedade de produtos, desde o artesanato às ervas medicinais e peixarias. Enfim, é necessário fôlego e vontade de andar, para poder conhecer tantos lugares memoráveis.

O turista ao chegar em Recife poderá conhecer os lugares históricos que foram palco de tanta controvérsia. O Bairro do Recife é o marco inicial da história da cidade e o seu principal pólo de animação noturna. Além do imponente casario, destacam-se o Porto do Recife, com o terminal Marítimo de Passageiros e o Parque de Esculturas Francisco Brennand, implantada sobre o molhe. A Praça Rio Branco ou do Marco Zero, como é conhecida, tem o painel A Rosa dos Ventos, criado pelo pintor pernambucano Cícero Dias. Lá também encontraremos o Instituto Cultural Bandepe, que está instalado numa construção do século XX. Esta bela construção é conhecida como ‘ferro de engomar’.

O turista poderá ir ao Observatório Cultural Malakoff, que se encontra na Torre Malakoff, torreão em sentido tunisiano onde funcionam uma biblioteca virtual, um sistema de informações culturais e o observatório astronômico. Outras construções antigas a serem visitadas: O Teatro Apolo, do século XIX; A Igreja Madre de Deus, do século XVIII e a Rua do Bom Jesus, chamada no século XVII de ‘Rua dos Judeus’. Nesta Rua dos Judeus estavam ali sediados estabelecimentos comerciais judaicos e a Sinagoga Kahal Zur Israel, a primeira das Américas. Outros locais imperdíveis que poderão ser visitados é o Forte do Brum (1631) e o Museu Militar.

A Folha de Pernambuco tem como artigo de capa, no dia sete de novembro de 2004 o título: ‘Bairro do recife e dos Assaltantes’. A chamada sob a foto do Centro Cultural Bandepe dizia: ‘A situação do bairro, também conhecido Recife Antigo, está insuportável. Os bandidos estão por toda parte. Ignoram o Núcleo de Segurança Comunitária e as áreas policiadas. Assaltam, arrombam carros, espalham o medo. A Folha denuncia este sério problema e pede providências’. O encarte deste Jornal nas páginas 2, 3 e 4, denunciava e alertava: Bairro do Recife é caso de polícia. Segundo a Folha de Pernambuco de sete de novembro de 2004, o bairro do Recife é caso de polícia. Conforme noticiado pelo jornal, o bairro está na mira dos criminosos. Muitos carros são arrombados ou depredados. Assaltos ocorrem a qualquer hora. O tradicional Bairro do Recife, mais conhecido como Recife Antigo, importante ponto turístico do Estado, vem sendo alvo constante de criminosos. Esses tipos de delitos acontecem a qualquer hora do dia, assustam as pessoas que circulam no local. Conforme Robson André.

“Trabalhadores, comerciantes e freqüentadores do Bairro do Recife reclamam que a falta de segurança tornou o local pouco movimentado e perigoso. Os estabelecimentos comerciais vêm sendo invadidos pelos ladrões, que desafiam o poder de polícia ostensiva coordenado pela polícia Militar”.

Locais mais perigosos do bairro:
Rua do Brum; Ponte do Limoeiro; Ponte Giratória; Avenida Alfredo Lisboa; Avenida Martin Luther King.Ocorrências policiais (de janeiro a outubro de 2004):
Janeiro – 17; Fevereiro – 22; Março – 15; Abril – 34; Maio – 13; Junho – 23; Julho – 23; Agosto – 17; Setembro – 21; Outubro – 7. (Fonte: Comando do 16º Batalhão de Polícia Militar da Região Metropolitana).

Policiamento reforçado há dois meses. Comandante do 16º BPM diz que um total de 69 soldados está atendendo área. Para conter a onda de violência de assaltos e arrombamentos no Bairro do Recife, o comandante do 16º BPM, tenente-coronel Francisco Duarte, reforçou o policiamento ostensivo no local. Apesar dos esforços da PM para conter a violência a Associação de Proprietários de Bares e Restaurantes do Bairro do Recife reclama da falta de empenho do Governo em oferecer mais segurança aos freqüentadores e comerciante da área.

Minha visão sobre o Recife: “Simplesmente bela! Se eu fosse me guiar por esta manchete de jornal, eu não teria ido até o Recife. No entanto, o que ouvi dizer sobre a cidade é muito mais atraente do que o artigo acima. Confesso que ao andar pela cidade e no Bairro do Recife Antigo, fiquei temeroso. No entanto, minha determinação, conjugada com minha cautela, me fez andar pelo centro da cidade e até pelo Cais do Porto. Embora com certo temor e receio, me aventurei a conhecer estes belos lugares. Felizmente não vi nada de anormal e nada me aconteceu”. Em qualquer lugar que ande, é sempre bom termos cautela!

História de Uma Recife Que Ficou no Passado.

Recife de Maurício de Nassau - Em 14 de fevereiro de 1630, utilizando a maior esquadra que até então cruzara a linha do Equador, formada por 65 embarcações e 7.280 homens, os holandeses vieram se instalar na antiga capitania Duartina, iniciando uma dominação que se estendeu até janeiro de 1654. Durante 24 anos, passou o Recife de povoação acanhada do século XVI e início do século XVII a capital do Brasil Holandês. Foi tanto o crescimento do primitivo Arrecife dos Navios, foram tantos os melhoramentos obtidos, particularmente durante o governo do conde João Maurício de Nassau (1637-1644), que, mesmo após a expulsão dos holandeses (1654), o Recife jamais voltou a depender de Olinda.

Em 23 de janeiro de 1637, o conde João Maurício de Nassau-Siegen chegou ao Recife, na qualidade de governador do Brasil Holandês a serviço da Companhia das Índias Ocidentais. O Recife veio a exercer um fascínio todo especial ao conde João Maurício de Nassau, que passou a ser conhecido pelo apelido de "O Brasileiro". Maurício de Nassau, provavelmente foi o maior dos benfeitores de Recife. No passado Recife foi Sede do Governo Holandês. Maurício de Nassau veio para ficar, mas, os portugueses o expulsou. No entanto, ficaram perpetuados os grandes feitos deste homem de visão. Um dos grandes feitos deste homem de visão foi à construção da Ponte Maurício de Nassau. Que até o ano de 1865 foi denominada ponte do Recife. Ela liga o bairro de Santo Antônio ao bairro do Recife antigo. Foi a primeira ponte de madeira construída sobre o rio Capibaribe, e a primeira ponte de grande porte no Brasil, inaugurada em 28 de fevereiro de 1643, sob a administração do príncipe holandês Maurício de Nassau. Nas suas cabeceiras existiam dois arcos, um do lado do bairro do Recife, denominado arco da Conceição, e outro do lado oposto chamado arco de Santo Antônio. Sua estrutura possuía uma parte levadiça que permitia a passagem de embarcações, através do pagamento de pedágio, cuja cobrança ficava a cargo de companhia holandesa. Esta ponte sofreu várias reformas e melhoramentos nos anos de 1683 e 1742, e em 1865 foi substituída por uma de ferro, que se chamou Ponte 7 de Setembro, mas teve pouca durabilidade, por conta da maresia e da rápida deterioração. Em 1917, sob a administração do governo de Manoel Borba, foi reconstruída em concreto armado e reinaugurada com o nome Ponte Maurício de Nassau, que se encontra em bom estado de conservação até hoje. Nas suas colunas laterais, existem quatro grandes estátuas de bronze, duas em cada extremidade da ponte, duas viradas para o bairro de Santo Antônio e duas para o bairro do Recife antigo.

Em 1827, Recife tornou-se capital de Pernambuco, no entanto, ela havia se tornada cidade no ano de 1823. Conhecemos na Itália a bela Veneza, aqui no Brasil, encontramos em Recife a Veneza Brasileira, devido a sua similaridade. Na primeira metade do século XVII, Recife teve a presença holandesa. O que possibilitou grande desenvolvimento. As construções de pontes e canais são um legado do governo holandês, sob Maurício de Nassau. Com a expulsão dos holandeses após duas batalhas no Monte dos Guararapes em 1648 e 1649, a capitania de Pernambuco conheceu um período de dificuldades econômicas.

No século XIX, Recife passou por muitos problemas e foi marcado pela luta política, com objetivo de obter sua autonomia. Tais fatos contribuíram para deflagrar as Revoluções de 1817, 1824 e 1848.

O município do Recife possui, em nossos dias, uma área de 221 km2 e 471.000 m2, estando localizado numa planície, formada pelas terras de aluvião trazidas pelo delta dos rios Capibaribe, Beberibe, Jiquiá e Jaboatão, bem como pelos constantes aterros realizados pela mão do homem ao longo desses últimos quatro séculos. O Recife tem seu centro urbano constituído por três ilhas: a do Recife, a de Santo Antônio e a da Boa Vista, as quais se interligam com o continente, através de pontes que são como braços a unir toda a cidade. A sua condição de planície tropical, refrescada pelos ventos alísios que nos chegam do Atlântico, sem registro de grandes temperaturas, estiada na maior parte do ano, com o eterno fascínio das praias de água morna, transforma a capital de Pernambuco num eterno convite para passeios a pé, nos quais o caminhante ganha as ruas sem maiores compromissos, gozando do cenário de suas pontes e da beleza dos seus monumentos.

Viver bem é uma arte! Se você está à procura de emoções, o seu destino é: ‘Recife, Pernambuco, Brasil’.

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Conheça a biografia desse autor, que trocou a vida de classe média alta, no Jardim Paulista em São Paulo, pela simplicidade do interior do Nordeste:

[Fotógrafo Carvalho Pinto]



O fotógrafo Carvalho Pinto tem 50 anos e é paulista; trabalhou por muitos anos no gerenciamento comercial de empresas de telecomunicações; desde pequeno tem a fotografia como hobby, possuindo um acervo pessoal de mais de 6.000 fotos, que abrangem grande parte do Brasil. No início de 2003, conheceu Petrolina, "o clima agradável, a meiguice das pessoas, o céu esplendoroso", e decidiu mudar-se para lá. Trocou sua casa ao lado do Parque do Ibirapuera, por outra atrás da "banca" (mercado) de Petrolina. Hoje dedica-se a documentar diversos aspectos da vida nordestina: a arquitetura, as pessoas nativas e as atividades cotidianas.

Contatos:
e-mail: carvalhopinto@terra.com.br
telefone: (087) 3862-6393


Publicada em 27/10/2004