Casa da Cultura    

Boletim Informativo Semanal

Ano IV, número 58 - Quarta-feira, 19 de abril de 2.006  

Casa da Cultura Literatura Trabalhos de A. C. Masini


    Exemplar de Assinante Conveniado

Bom Dia, Amigo(a) Assinante, (ou Boa Noite)

A poesia de Marília Gonçalves. Nesta edição publicamos duas expressivas poesias Alerta e Meio-Século dessa portuguesa que vive na França, cujo estilo único consegue aliar idéias políticas a sensações físicas como repulsa, nojo e medo.

Novo e-book gratuito Casa da Cultura: Enleio o Vagar: ...é um livro ótimo... não por ser ousado em sua forma, que inclui estilos bastante diversos... não por ser rico em alusões eruditas... não por seus interessantes e variados temas... mas simplesmente porque todos esses seus elementos ganharam vida por mãos que conhecem a arte da pena. Sim, o livro é muitíssimo... bem escrito!

Para nós, editores da Casa da Cultura, poder publicar livros como esse é uma alegria, uma realização, uma recompensa. Recompensa por nosso longo e permanente trabalho voluntário.

O livro conta uma história em 5 partes, mescla prosa e poesia em diferentes estilos e explora temas muito diversos, com freqüentes referências a mitologias, que vão da clássica à indígena brasileira e africana. Enleio O Vagar faz recordar um pouco as histórias heróicas da tradição oral de povos antigos, como Beowulf, a Odisséia, Gilgamesh, ou o livro dos maias Popol-Vuh, mas, sendo uma obra brasileira, tem um tom menos grandioso. Mas não lhe faltam momentos de ódio ou outros sentimentos arrebatadores, ou cenas de luta e de sangue. Aos elementos universais se somam aspectos contemporâneos, como a relação entre capital e trabalho. No fim, provavelmente, haverá partes que parecerão melhores ou piores ao gosto do leitor, mas, o melhor de tudo, como disse no início, é que o livro é muito bem escrito!.

Livros como esse são uma raridade nos tempos atuais, em que a "lógica do mercado" determina publicações com idéias cada vez mais digeridas e superficiais, para serem vendidas com promessas de ajudar o leitor a subir na vida ou não enlouquecer... geralmente escritas em linguagem tosca... Linguagem que porém passa despercebida, para quem as lê em meio à turbulência caótica que parece tentar engolfar a tudo...

André Masini

Conheça o livro, pois realmente vale a pena:
http://www.casadacultura.org/Literatura/ebooks/gr01/ebook_Enleio_O_Vagar.html

A Guerra ainda não acabou. Como nosso Boletim é um instrumento de divulgação das novidades culturais da Casa da Cultura, raramente incluímos nele links externos (os links externos são mantidos no site, nas páginas dos respectivos assuntos). Porém aqui está um clipe de uma música sobre a Guerra do Iraque que merece ser visto. Além da contundente mensagem e imagens que não deixam margem a dúvidas, a música é bastante boa. "No bravery": "And I see no bravery,/ No bravery in your eyes anymore./ Only sadness." Não vejo nenhuma bravura, nenhuma coragem, nenhum valor, nenhuma galhardia... não vejo mais em seus olhos (nos olhos dos soldados estadunidenses), apenas tristeza...
http://nobravery.cf.huffingtonpost.com/

Um abraço fraternal,
Casa da Cultura

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Obrigado.


Alerta


Marília Gonçalves

 

Grita filha !

há uma aranha

Na brancura da parede

Que peçonhenta tamanha

Vai tecendo sua rede.

Grita filha !

Essa fobia

É protecção natural

Contra a aranha sombria

Que além de símbolo

é mal !

Grita com todas as forças !

Grita porque há mesmo perigo

Essa aranha uma cruz negra

é o pior inimigo.

Por meu amor não te cales !

Grita filha

Tua mãe

Impele-te pra que fales :

Contigo grito também !

Essa aranha que se estende

Tem o passo marcial

Com fúria que surpreende

O incauto em voz fatal.

Grita filha

O bicho imundo

Sai vertiginosamente

Da sombra vinda do fundo

Em veneno de serpente.

Tal a jibóia medonha

Enrola-se abraça o mundo

Pra ir crescendo em peçonha.

Introduz-se em toda a parte

Tudo corrói e desfaz

É inimiga da Arte

Do Ser Humano da Paz.

Grita filha !

Mas tão alto

Num grito tão verdadeiro

Que desperte em sobressalto

O que não quer ver primeiro.

Essa aranha pestilenta

Odeia a própria Cultura

Em fogueira que alimenta

Livro após livro censura.

Opõe à Humanidade

A sua força brutal

Por onde ela passa invade

Mata o constitucional !

É um monstro repelente :

Primeiro ataca o mais fraco

Para ir seguidamente

Oculta em cada buraco

Destruir a Liberdade.

Inimiga da diferença !

Grita !

Minha filha Grita !

Faz ouvir tua presença.

Aponta o bicho feroz

Mostra-o sacode os amigos

Com a força da tua voz !

Grita !

Esse enredo de perigos !

Grita filha ! Desta vez

Esse grito é racional

Porque essa aranha é o não

Ao direito Universal.

Sem medo abre tua boca !

Grita alto ! Grita forte !

Porque toda a força é pouca

Para lutar contra a morte.

Grita ! Grita minha filha

não te cales nunca mais :

não se veja outra Bastilha

Prendendo os próprios jornais !

Que teu grito seja infindo

Circule dê volta ao mundo

Jovem voz entusiástica

Erguendo o povo profundo

Contra a bandeira suástica.

 

 

Meio Século

Marília Gonçalves

No tempo em que os cavalos
Tinham patas de vento
O vôo ultrapassava a dor
E as raízes
Quando sonhos azuis
não podiam montá-los
A desenhar o sulco
De térreas cicatrizes.
No tempo em que os cavalos
não escolhiam caminho
Levantavam as crianças
Do solo atraiçoado
No tempo dos cavalos
E das imperatrizes, as leis
Eram sombra de quem ia montado.
No tempo em que os cavalos
Desenharam memória
Da cor da sua cinza
Sobre a cinza dos dias
No tempo em que o terror
Era vê-los, olhá-los
Como vento a passar sobre histórias vazias.
No tempo em que os cavalos
Numa cidade inquieta
Galopavam no tempo
Que não queria parar
Uma mancha de sangue
Desenhava-se preta
Nos dias ressequidos
A perder-se no mar.
No tempo em que os cavalos
Eram maiores que a estrada
Havia vozes cegas
Ou olhos por gritar
No tempo em que eram monstros
Que vinham dispará-los
Sobre a esperança nascida
Que não queria murchar
No tempo dos cavalos
No tempo dos cavalos
Na Pátria ia crescendo
A raiva popular.


Para conhecer mais sobre a autora visite:
[Alerta]
[Meio Século]


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